
Imagine a surpresa — e o desespero — de uma aposentada ao descobrir, numa simples ida ao banco, que tinha uma dívida de R$ 8 mil que nunca fez. Pois essa foi a realidade que uma mulher de 73 anos enfrentou em Araguaína, no coração do Tocantins. E o pior: tudo indica que a autora do empréstimo consignado não autorizado foi ninguém menos que sua própria filha.
A Delegacia de Repressão a Crimes contra o Consumidor assumiu o caso, que já está sendo tratado como suposta falsificação de documentos. Segundo as investigações — que ainda correm em segredo de Justiça —, a filha teria usado o nome e dados da mãe para conseguir o crédito sem qualquer autorização.
Como a fraude foi descoberta
A verdade veio à tona de forma quase casual. A idosa foi ao banco resolver outra questão e, ao consultar seu extrato, se deparou com a quantia debitada. "Não acreditei quando vi", contou a aposentada aos investigadores, ainda bastante abalada. "Nunca pedi esse dinheiro, não assinei papel nenhum."
O empréstimo consignado — aquele que desconta direto do benefício — foi contratado em junho deste ano. E aqui mora um detalhe crucial: a filha, que mora na mesma cidade, tinha acesso frequente aos documentos da mãe. Coincidência? A polícia duvida muito.
As consequências para a vítima
Para quem vive com a aposentadoria, R$ 8 mil não é pouco — é uma fortuna. O desconto mensal estava comprometendo seriamente o orçamento da idosa, que dependia desse valor para suas despesas básicas: remédios, alimentação, contas de casa.
"É um daqueles casos que dói na alma", comentou um delegado envolvido nas investigações, preferindo não se identificar. "A gente vê de tudo nessa profissão, mas quando é entre familiares... É complicado."
O que diz a lei
Falsificar assinatura para obter empréstimo configura crime de falsificação de documento público — e isso pode render de 2 a 6 anos de cadeia, mais multa. Se comprovada a autoria, a filha responderá criminalmente pelo ato.
Enquanto a investigação segue — a polícia já colheu depoimentos e analisa imagens de câmeras —, a idosa tenta reverter a situação no banco. Mas o processo é lento, burocrático, e ela segue com a renda comprometida.
Um alerta importante: especialistas recomendam que aposentados verifiquem regularmente seus extratos e relatórios de empréstimos. Muitas fraudes assim só são descobertas meses depois, quando o prejuízo já é considerável.
O caso de Araguaína serve como lição — triste, mas necessária. Às vezes, a ameaça não vem de estranhos, mas de quem está mais perto do que gostaríamos de admitir.