
Ela acordou com a mensagem de um seguidor anônimo — aquela que ninguém nunca quer receber. "Seus vídeos estão circulando em grupos de WhatsApp", dizia a nota breve, seguida por prints que fizeram seu estômago embrulhar. A influenciadora digital baiana, que prefere manter o anonimato por razões óbvias, tornou-se mais uma vítima da cruel exposição não consensual que assombra tantas mulheres no Brasil.
Os materiais, gravados em contexto íntimo e privado, foram obtidos através do hackeamento de suas contas pessoais. Sim, hackeamento — essa violação digital que soa como um assalto à própria alma.
O pesadelo começa nas redes
Não foi um descuido. Não foi uma senha fraca. Ela jurou ter tomado todas as precauções, mas os criminosos digitais parecem estar sempre um passo à frente. De repente, sua vida privada transformou-se em espetáculo público, sua intimidade reduzida a conteúdo para grupos de mensagens.
"É uma sensação de violação que não consigo descrever", confessa a criadora de conteúdo, ainda visivelmente abalada. "Você se sente nua, exposta, traída. Pior: impotente."
A corrida contra o tempo
Assim que descobriu o ocorrido, a influenciadora agiu rápido — contatou plataformas, registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC) da Bahia e iniciou a batalha jurídica para retirar o conteúdo do ar.
Mas todos sabemos como a internet funciona: uma vez que o conteúdo escapa, é como tentar recolher água com as mãos. Algumas gotas sempre ficam.
O problema é sistêmico — e assustador
Esse caso não é isolado, infelizmente. Só na Bahia, os registros de crimes cibernéticos aumentaram assustadores 35% no último ano. E as mulheres? Ah, as mulheres são as principais vítimas — representam quase 70% dos casos de exposição íntima não consensual.
É assustador pensar que, em pleno 2025, ainda precisamos lutar pelo básico: o direito sobre nosso próprio corpo e imagem.
E agora? O que fazer?
Especialistas em direito digital recomendam algumas medidas urgentes para quem passa por situação similar:
- Registrar imediatamente boletim de ocorrência especializado
- Solicitar a remoção do conteúdo às plataformas
- Buskar orientação jurídica para ações cíveis e criminais
- Preservar todas as evidências do crime
Mas além dos procedimentos técnicos, há o lado humano — a reconstrução da dignidade violada, a recuperação da sensação de segurança, o longo processo de entender que a vítima não tem nenhuma culpa.
Para a influenciadora baiana, a luta apenas começou. Entre processos judiciais e sessões de terapia, ela tenta reconstruir o que foi quebrado. "Quero que meu caso sirva de alerta", diz com voz firme. "Ninguém está imune. E ninguém merece passar por isso."