
Não é todo dia que a rotina pacata de Nova Iguaçu vira palco de uma operação que parece saída de um filme policial. Dessa vez, o alvo foi um suposto "criador" de aves — entre aspas porque, convenhamos, o que ele fazia estava mais para tortura do que para criação.
O IBAMA chegou de sopetão no endereço, depois de denúncias anônimas que não deixavam margem para dúvidas: os pássaros estavam vivendo (se é que dá pra chamar aquilo de vida) em gaiolas minúsculas, sujas, algumas até enferrujadas. "Parecia um depósito de sucata, só que com seres vivos", contou um dos agentes, ainda visivelmente abalado.
O que encontraram
- Mais de 50 aves de espécies protegidas, algumas tão desidratadas que mal conseguiam ficar em pé
- Anilhas falsas — aquelas identificações oficiais — para disfarçar a origem ilegal dos animais
- Cadernetas com registros de vendas que deixariam qualquer fiscal com os cabelos em pé
O pior? Muitas dessas aves eram filhotes arrancados dos ninhos na natureza. "Isso aqui não é criação, é saque", resumiu a bióloga que acompanhava a operação, enquanto segurava com cuidado uma curió que tremia de medo.
Negócio lucrativo (para ele)
Pelos cálculos preliminares, o "empresário" do sofrimento alheio faturava até R$ 5 mil por mês. Cada pássaro raro era vendido por valores que chegavam a R$ 800 — tudo pelas redes sociais, é claro, onde os compradores nem perguntavam de onde vinham os bichos.
"A gente vê de tudo, mas esse caso chocou até os veteranos", admitiu o coordenador regional do IBAMA. Algumas gaiolas tinham restos de comida podre, água verde de tão suja. Um canário estava com as penas todas arrancadas — sinal claro de estresse extremo.
E agora?
O acusado vai responder por:
- Maus-tratos (crime inafiançável, diga-se de passagem)
- Comércio ilegal de fauna silvestre
- Falsificação de documentos
As aves resgatadas foram levadas para um centro especializado. Os veterinários dizem que vão demorar meses — alguns talvez anos — para se recuperarem. "É como se a gente tivesse que reaprender elas a serem pássaros", explicou uma das cuidadoras, enquanto alimentava com cuidado um trinca-ferro que mal abria os olhos.
E você, sabia que comprar passarinho sem procedência é crime? Pois é. Enquanto tiver quem compre, vai ter maluco desse tipo achando que animal é objeto. A natureza agradece quando a gente denuncia — foi assim que esse caso começou.