Imagine a cena: você confia cegamente nas autoridades, aqueles que deveriam proteger não apenas as pessoas, mas todos os seres vivos. Agora, prepare o estômago. Em Cordeiro, uma cidade pacata do interior fluminense, essa confiança foi traída de maneira brutal e calculista.
Três agentes da Defesa Civil – sim, você leu certo – foram algemados nesta terça-feira (27) após uma investigação que expôs uma prática nojenta. Eles dopavam animais com sedativos poderosos e depois os abandonavam, ainda vivos, em estradas rurais da região. Uma covardia sem tamanho.
Operação prende funcionários públicos em flagrante
A operação não foi por acaso. Denúncias anônimas, daquelas que chegam com a voz embargada de indignação, acenderam a luz vermelha no Ministério Público. As investigações, que se arrastaram por meses, descobriram que a farra dos maus-tratos não era um incidente isolado. Era algo metódico, quase uma rotina perversa.
Os PMs militares do 3º BPM (Nova Friburgo) é que botaram a mão na massa. Eles flagraram um dos agentes, em pleno horário de serviço, cometendo o crime. O carro oficial da Defesa Civil estava estacionado numa estrada de terra, e lá estava ele: jogando um animal já dopado no mato. A cena foi filmada e não deixa dúvidas.
Dois outros colegas dele, suspeitos de participar do mesmo esquema repugnante, também foram detidos. A delegada Mariana Almeida, que comanda as investigações, não esconde a revolta. "É inacreditável que servidores públicos, pagos com dinheiro do povo, pratiquem esse tipo de atrocidade", disparou.
O sofrimento invisível dos animais
O que mais corta o coração é pensar no desfecho desses animais. Dopados e desorientados, eles eram largados à própria sorte. Muitos, com certeza, morreram de fome, sede ou se tornaram presas fáceis. Outros, talvez, tenham sido atropelados. Uma morte lenta e cheia de angústia.
E sabe o que é pior? Esses agentes eram justamente as pessoas que a população chamava para resgatar animais em situação de risco. A ironia é cruel demais para digerir. Em vez de salvar, eles condenavam. Em vez de cuidar, eles descartavam como se fossem lixo.
Os três presos foram levados para a cadeia pública de Cantagalo. Eles vão responder criminalmente pelos atos de maus-tratos. A Defesa Civil do estado já se manifestou, afirmando que os agentes foram afastados de suas funções e que vai colaborar com a polícia. Mas a pergunta que fica é: como algo assim pôde acontecer por tanto tempo?
Esse caso vai além do crime ambiental. É uma facada na confiança pública. Mostra como o poder pode apodrecer quando colocado nas mãos erradas. Cordeiro está em choque, e o Brasil todo deveria estar também. Afinal, a forma como tratamos os mais vulneráveis diz tudo sobre quem somos.
