
Imagine acordar e ver meses de trabalho literalmente submerso. Foi o que aconteceu com dezenas de agricultores no Amazonas, onde as águas não pediram licença — invadiram tudo. A cheia deste ano tá sendo daquelas pra ficar na memória, e não no bom sentido.
Segundo relatos de quem tá lá no olho do furacão, as perdas já passam de R$ 50 milhões. "A plantação de mandioca sumiu feito mágica, só que ao contrário — em vez de aparecer, desapareceu", desabafa João da Silva, produtor de Manacapuru. Ele não tá sozinho nessa.
O rio virou dono da terra
O que era pra ser temporada de colheita virou temporada de prejuízo. As águas do Rio Solimões e Negro subiram tão rápido que nem deu tempo de salvar equipamentos. Tratores? Afogados. Silos? Transformados em piscinas improvisadas.
- Mais de 300 propriedades atingidas
- Perda estimada de 80% das culturas de juta e malva
- Comunidades isoladas sem acesso a mercados
E olha que o pior pode estar por vir — os meteorologistas avisam que o nível das águas ainda pode subir mais 30 cm nas próximas semanas. "É como se a natureza tivesse esquecido onde fica o botão de desligar", comenta uma técnica da Defesa Civil.
Além da lavoura: o drama humano
Nos barracos à beira do rio, a situação é de desespero. Dona Maria, 62 anos, perdeu não só a roça como os remédios que guardava num armário — agora boiando rio abaixo. "Nem pra pescar tá dando, porque os peixes sumiram com tanta água", lamenta.
O governo estadual prometeu ajuda emergencial, mas até agora são só promessas em meio à lama. Enquanto isso, os produtores fazem o possível: alguns tentam salvar o que resta em canoas improvisadas, outros já pensam em desistir de vez da agricultura.
Numa região onde o relógio é marcado pelo ritmo das águas, 2025 vai ficar marcado como o ano em que o rio não respeitou seu próprio calendário. E quem paga o pato — ou melhor, o peixe — é sempre o pequeno produtor.