Nova espécie de vespa parasitoide é descoberta na Serra do Japi, em Jundiaí
Nova espécie de vespa parasitoide descoberta em Jundiaí

Uma descoberta científica na área da biodiversidade acaba de ser registrada no interior de São Paulo. Pesquisadores identificaram uma nova espécie de vespa na Serra do Japi, em Jundiaí, cujo ciclo de vida é marcado por uma relação fatal com lagartas.

O estudo e a descoberta

A identificação inédita foi feita pelo biólogo Anderson Henrique, de 24 anos, como parte de sua pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O trabalho contou com a orientação do professor Manoel Martins Dias Filho e colaboração da professora Angélica Maria Penteado-Dias.

Durante a pesquisa, Anderson analisou lagartas, as plantas capororocas (Myrsine umbellata) das quais elas se alimentam, e pequenas vespas. O material biológico coletado na reserva foi levado para laboratório para observação do ciclo de vida. Foi durante esse processo que uma nova espécie de vespa emergiu de dentro de uma das lagartas coletadas, levando a uma investigação taxonômica detalhada.

O estudo foi publicado em outubro de 2023 no periódico científico Brazilian Journal of Biology.

Características da vespa parasitoide

A espécie foi classificada como parasitoide. Diferente de um parasita comum, o parasitoide não apenas retira nutrientes, mas se alimenta diretamente de partes internas do hospedeiro vivo, causando inevitavelmente sua morte ao final do ciclo. No caso específico, o hospedeiro é uma lagarta da espécie Opisthoxia farantes.

O trabalho de identificação e descrição morfológica da vespa durou três meses. A comparação com outros espécimes da Coleção Taxonômica do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da UFSCar confirmou que se tratava de uma descoberta inédita.

A nova vespa, batizada de Colpotrochia japi, tem seu nome específico em referência ao local de coleta, a Reserva Biológica da Serra do Japi. Ela apresenta semelhanças com outras do mesmo gênero, como o padrão de coloração amarela e preta, mas possui características únicas. Uma das principais é a presença de duas manchas amarelas dispostas em paralelo na face, além de outras particularidades de coloração e estrutura corporal que a tornam uma espécie considerada rara.

Importância científica e aplicações futuras

O biólogo Anderson Henrique, natural de Pernambuco, destacou a relevância da descoberta. "É ótimo poder contribuir para o conhecimento sobre a nossa biodiversidade e para a taxonomia", afirmou. Ele também ressaltou o papel ecológico e potencialmente econômico desses insetos.

As vespas parasitoides são reconhecidas como excelentes agentes de controle biológico. A descoberta de novas espécies nativas, como a Colpotrochia japi, abre portas para pesquisas aplicadas. Esses organismos podem se tornar aliados da agricultura, sendo utilizados no manejo sustentável de pragas, o que reduziria a dependência de inseticidas químicos.

Apesar do avanço, ainda há poucas informações sobre o comportamento e a ecologia desta nova vespa na natureza. A descoberta na Serra do Japi, um importante remanescente de Mata Atlântica no estado de São Paulo, reforça a importância da preservação de áreas naturais como berçários de biodiversidade ainda desconhecida.