A Conferência do Clima da ONU, COP30, que começou nesta segunda-feira (10) em Belém, no Pará, conta com uma participação incomum dos Estados Unidos. Sem a presença do presidente Donald Trump ou de qualquer representante oficial do governo federal, o país está sendo representado por uma delegação informal que promete manter os compromissos climáticos.
Quem compõe a delegação americana
A coalizão America Is All In reúne mais de 20 estados americanos, centenas de cidades e empresas que continuam comprometidas com a redução de emissões. Entre os participantes confirmados estão figuras importantes da política ambiental americana.
Michelle Lujan Grisham, governadora democrata do Novo México, e Todd Stern, ex-enviado especial para o clima que chefiou a equipe americana nas negociações do Acordo de Paris durante o governo Obama (2009-2017), estão entre os representantes.
Também participou do encontro de líderes locais da COP30, no Rio de Janeiro, a americana Gina McCarthy, que dirigiu a Agência de Proteção Ambiental dos EUA durante o governo Obama e foi conselheira ambiental da Casa Branca na gestão de Joe Biden (2021-2025).
Separando o governo federal da nação
Em declarações à imprensa, Todd Stern afirmou que é essencial distinguir o governo Trump do restante do país. "Os países ficaram decepcionados quando os EUA se retiraram do Acordo de Paris, mas sabem distinguir o governo federal da nação. Os estados e cidades continuarão a participar dos debates", disse Stern.
A governadora Grisham reforçou a mensagem, destacando que "mostramos que a liderança local pode sustentar o que o governo central abandona". Segundo ela, essas jurisdições continuam no caminho de cumprir as metas de 2025 estabelecidas no acordo climático.
Histórico de idas e vindas
O contexto político americano tem sido marcado por mudanças bruscas na política climática. Trump anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris em 2017, durante seu primeiro mandato, movimento que foi revertido por Biden em 2021, no primeiro dia de seu governo.
O republicano já sinalizou que pretende novamente retirar o país do pacto climático, o que seria concretizado em 2026 caso seja eleito. Os membros da America Is All In, no entanto, minimizam o risco de interferência do novo governo nas negociações da COP30.
"Não há muito que possam fazer para atrapalhar", afirmou Stern, destacando a recepção positiva que o grupo está tendo e o diálogo direto mantido com a Secretaria da Convenção do Clima da ONU.
Críticas internacionais e preocupações
A ausência dos EUA na COP30 é vista como um baque para os debates climáticos, considerando a importância do país nas emissões globais e seu potencial de recursos para planos de mitigação.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, foi um dos que criticou a ausência de Trump em seu discurso na Cúpula de Líderes, chamando-o de negacionista. "Está 100% errado o presidente Trump", disse Petro, acrescentando que "aqueles que estão investindo em mais armas na Europa estão cometendo um erro. Não é a Rússia o inimigo, é a crise climática".
Petro alertou sobre a gravidade da situação: "Estamos perto do colapso climático, o que significa o ponto de não retorno. Em outras palavras, morte geral da existência no planeta. Literalmente, um apocalipse. A sociedade está desviando a atenção e indo em direção ao abismo".
Embora delegações paralelas como a America Is All In não tenham caráter oficial, elas costumam ser reconhecidas nas conferências da ONU como representantes legítimas da sociedade americana, mantendo viva a esperança de que os compromissos climáticos possam sobreviver às mudanças políticas.