Um grupo de mais de 30 países realizou uma forte pressão sobre a Presidência da COP30 nesta quinta-feira (20), declarando que não aceitarão um texto final da Cúpula do Clima que exclua um plano concreto para afastar o mundo dos combustíveis fósseis.
Movimento Internacional por Transição Energética
As delegações confirmaram o envio de uma carta conjunta exigindo que o tema permaneça no rascunho político da conferência. A cobrança surgiu após circular entre diplomatas que uma nova versão do texto poderia retirar a proposta de iniciar a construção desse mapa do caminho, prevista no primeiro rascunho divulgado na terça-feira.
O termo "mapa do caminho" ou roadmap designa em negociações internacionais os planos de ação que estabelecem etapas, prazos e metas concretas rumo a um objetivo comum. Na prática, trata-se de um roteiro político e técnico que define "quem faz o quê, até quando e com quais recursos".
Resistência e Apoio à Transição
O movimento ocorre em meio à resistência de grandes produtores e consumidores de petróleo, gás e carvão. Na carta, países como Colômbia, França, Reino Unido, Alemanha e outros afirmam que "não podem apoiar um resultado que não inclua um mapa do caminho justo, ordenado e equitativo para deixar os combustíveis fósseis para trás".
O grupo reúne nações da Europa, América Latina, Ásia e ilhas do Pacífico, muitas delas entre as mais ativas na defesa do avanço da transição energética. Segundo negociadores, algumas delegações chegaram a cogitar abandonar as conversas caso o mapa do caminho fosse excluído.
Ponto Central das Negociações
A discussão sobre combustíveis fósseis se tornou o ponto central da COP30. O desfecho dependerá de como o mapa do caminho será tratado no texto final, que ainda está em negociação e deve avançar para a madrugada ou para o fim de semana.
A inclusão do tema depende do consenso entre os países participantes. Desde a COP 28 em Dubai, no ano de 2023, os países concordaram que é preciso fazer uma "transição para longe dos combustíveis fósseis", mas sem detalhar como e quando isso será feito.
A COP 29, no Azerbaijão, não apresentou avanços concretos nesta direção. E é justamente neste ponto que as expectativas sobem em relação à COP30, já que os anos recentes foram fartos em dados apontando o aumento dos eventos extremos.
Os números também mostram que são remotas as chances de alcançar a meta de conter o aquecimento global a 1,5°C em relação à era pré-industrial. O consenso científico aponta que é preciso frear a emissão de gases de efeito estufa para limitar os efeitos da crise climática.
Em meio a estas discussões, o presidente Lula reforçou: "Não podemos abandonar objetivos do Tratado de Paris", destacando a importância de manter os compromissos climáticos globais.