Diretor do Saae de Sorocaba pode ser afastado por poluição ambiental
O Ministério Público de São Paulo entrou com um pedido na Justiça para afastar Glauco Enrico Bernardes Fogaça do cargo de diretor-geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba. A ação civil pública, que tramita desde março de 2024, alega descumprimento reiterado de uma decisão liminar que proíbe o lançamento de esgoto sem tratamento no Rio Sorocaba e em córregos da cidade.
Multas diárias e evidências de poluição
Mesmo após determinação judicial que estabeleceu multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento, a autarquia continuou despejando efluentes irregulares. Relatórios da Cetesb comprovaram extravasamentos e lançamentos de esgoto in natura em diferentes pontos da cidade, com índices de poluição muito acima do permitido por lei.
Durante vistorias realizadas em março e julho de 2025, fiscais ambientais identificaram tubos plásticos e extravasores despejando esgoto diretamente no Rio Sorocaba e em córregos. As análises da água coletada revelaram uma demanda bioquímica de oxigênio (DBO) superior a 200 mg/L, valor característico de esgoto bruto não tratado.
Medidas judiciais e resposta do Saae
Em despacho de 10 de novembro de 2025, o juiz Alexandre de Mello Guerra, da Vara da Fazenda Pública, determinou a intimação pessoal do diretor do Saae para que, em até cinco dias, comprove o cumprimento da ordem judicial. O magistrado destacou que o caso envolve "a tutela de um direito fundamental: à vida digna da população".
O Ministério Público solicita à Justiça:
- Aumento das multas diárias, consideradas insuficientes
- Intimação pessoal do diretor-geral do Saae
- Afastamento do cargo em caso de persistência no descumprimento
- Apuração de responsabilidade criminal, civil e administrativa
Em nota, o Saae negou as acusações de poluição e afirmou que "a citada poluição não houve". A autarquia justificou os problemas como decorrentes de "necessárias manutenções da ampla rede de esgoto" e disse respeitar o momento processual.
Operação Copia e Cola e investigações de corrupção
O caso ganhou contornos mais complexos com a Operação Copia e Cola da Polícia Federal. Glauco Enrico Bernardes Fogaça foi citado em uma suposta contabilidade paralela de propinas encontrada no celular de um dos investigados.
De acordo com a PF, as anotações indicam dois pagamentos destinados a "GLAUCO" totalizando R$ 65 mil. O investigado que mantinha os registros, Josivaldo Batista de Souza, é cunhado do prefeito Rodrigo Manga e foi preso em 6 de novembro, na segunda fase da operação.
A investigação aponta que o Saae está envolvido em três frentes principais: suposto pagamento de propina ao diretor-presidente, envolvimento de empresas contratadas pela autarquia em acertos ilícitos e possível influência de um empresário em ex-diretores.
Moradores da região continuam relatando problemas como mau cheiro, poluição visual e riscos à saúde pública, enquanto aguardam uma solução definitiva para o caso que afeta diretamente o meio ambiente e a qualidade de vida na cidade.