Tragédia em Rio Bonito do Iguaçu: tornado deixa rastro de destruição
Uma tragédia sem precedentes atingiu a pacata cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, na tarde de sexta-feira (7). Um tornado de intensidade EF3 com ventos que chegaram a 250 km/h transformou a vida dos moradores em questão de minutos, deixando um cenário de devastação completa.
O drama da família Gieteski
Entre as vítimas fatais está José Gieteski, de 83 anos, que estava em casa com a esposa quando o fenômeno natural atingiu a região. Segundo relato emocionado do filho, Antonio Gieteski, a casa de madeira onde o casal morava foi arremessada a aproximadamente 30 metros de distância pela força dos ventos.
"O pai estava com a mãe em casa, como de costume. De repente veio o tornado e, em questão de um minuto, um minuto e 20 segundos, foi como se caísse uma bomba na casa deles", contou Antonio ao reconstruir os momentos de terror.
No impacto do desabamento, José ficou sob as madeiras da residência e não resistiu aos ferimentos. Já sua esposa foi projetada para o lado oposto e sobreviveu, mas com fraturas nas costelas, necessitando de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Laranjeiras do Sul, cidade vizinha.
Cidade devastada e números da tragédia
O tornado destruiu 90% dos imóveis de Rio Bonito do Iguaçu, conforme levantamento das autoridades locais. O balanço oficial registra seis mortos, incluindo José Gieteski, e 750 pessoas que receberam atendimento médico em decorrência do desastre.
Mais de mil moradores ficaram desalojados, forçando a prefeitura e cidades próximas a montarem abrigos emergenciais para acolher as famílias que perderam tudo. A situação é descrita por sobreviventes como "um minuto que acabou com tudo", evidenciando a velocidade e a força destrutiva do fenômeno.
Classificação e intensidade do tornado
O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) classificou o evento como um tornado EF3 integrado a uma tempestade do tipo supercélula. Inicialmente, os meteorologistas haviam classificado o fenômeno como F2 na escala Fujita, indicando ventos entre 180 km/h e 250 km/h.
Porém, no sábado (8), o meteorologista Samuel Braun confirmou a intensidade máxima de 250 quilômetros por hora, caracterizando oficialmente como um tornado EF3. Centenas de casas foram destelhadas, imóveis foram severamente danificados e postes de energia caíram, deixando a cidade sem energia elétrica.
Homenagem a José Gieteski
José Gieteski foi sepultado no domingo (9), deixando cinco filhos, netos, bisnetos e a esposa hospitalizada. Antonio Gieteski descreve o pai como "uma grande pessoa" que sempre se preocupou com a família.
"Ele costumava dizer que eu era o braço direito dele, porque eu cuidava deles, mas ele era o resto [do corpo]. Se eu era o braço dele, ele era todo o resto para mim", emocionou-se o filho.
O aposentado era conhecido por seu amor ao chimarrão e por contar histórias antigas, sendo lembrado como "muito fiel, muito justo, muito correto" por aqueles que o conheciam.
O tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu representa um dos maiores desastres naturais recentes no Paraná, alertando para a necessidade de sistemas de alerta mais eficazes e estruturas de proteção civil preparadas para eventos climáticos extremos.