Um tornado de intensidade rara atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, na sexta-feira, 8 de novembro de 2025, deixando um cenário de destruição e acendendo o alerta para a crescente força dos eventos climáticos extremos no Brasil.
Com ventos que superaram os 200 km/h, o fenômeno foi classificado como um dos mais potentes já registrados no país, causando mortes, feridos e danos significativos em área urbana - uma ocorrência incomum no território brasileiro.
O pior já passou, mas alerta continua
Willians Bini, meteorologista da METOS Brasil, explicou que o sistema responsável pelo tornado já se dissipou e não representa mais risco imediato para a região. Não há mais perigo por conta desse sistema que provocou chuvas fortes, ventos intensos e o tornado, afirmou o especialista.
Ele já se afastou completamente, e até a região Sul deve ter tempo mais firme nos próximos dias. No entanto, Bini ressalta que estamos na primavera, estação conhecida por sua dinâmica, portanto não se pode descartar a possibilidade de novos fenômenos dentro de uma semana.
Um dos tornados mais intensos da história brasileira
O meteorologista confirmou que o tornado no Paraná alcançou a categoria três em uma escala que vai até cinco. O que tornou este evento particularmente devastador foi seu trajeto sobre uma área urbana densamente povoada.
Normalmente, esses fenômenos atingem zonas rurais e acabam passando despercebidos, mas desta vez o percurso foi urbano, resultando em maiores danos e registros.
Fenômenos extremos: nova realidade brasileira
Segundo Bini, tornados não são tão raros no Brasil quanto se imagina. A diferença está no aumento dos registros, impulsionado pela ubiquidade de câmeras e celulares.
O que temos observado é que, de forma geral, os fenômenos extremos - incluindo tornados, ondas de calor, temporais e granizo - estão se tornando mais fortes e frequentes. Um ciclone no oceano contribuiu para intensificar este tornado específico, mas o especialista ressalta que nem sempre um fenômeno depende do outro.
Bini também destacou as limitações do sistema de monitoramento brasileiro para tornados. Diferentemente dos Estados Unidos, o Brasil ainda não possui alertas eficientes para esse tipo de evento, pois sua previsão exige monitoramento em prazos curtíssimos que a modelagem numérica atual não permite.
O meteorologista é categórico ao relacionar o evento com as mudanças climáticas globais. Estamos vivendo um período de emergências climáticas, alerta Bini. Todos os fenômenos extremos - chuvas, ventos, ondas de calor e frio, queimadas - estão se tornando mais intensos e frequentes enquanto o planeta reage às alterações no clima.
Ele lembra que o tema será destaque na COP30, conferência do clima que acontece em Belém, em uma coincidência triste: enquanto o mundo discute metas para frear o aquecimento global, os extremos climáticos estão acontecendo aqui e agora, justamente no país que sedia o evento.