Tornado EF3 devasta 90% de Rio Bonito do Iguaçu com ventos de 250 km/h
Tornado EF3 causa 6 mortes e destrói cidade no Paraná

Tornado de intensidade rara devasta cidade paranaense

Um tornado de categoria EF3 atingiu com força devastadora a região Centro-Sul do Paraná na sexta-feira (7), deixando um rastro de destruição em Rio Bonito do Iguaçu. Com ventos que alcançaram incríveis 250 km/h, o fenômeno meteorológico causou a morte de seis pessoas e ferimentos em pelo menos 750.

Cenário de guerra após passagem do tornado

Imagens aéreas registradas no sábado (8) revelaram a dimensão da devastação em Rio Bonito do Iguaçu, onde 90% da cidade ficou destruída. A localidade, que possui aproximadamente 14 mil habitantes e fica a 400 km de Curitiba, amanheceu coberta por escombros.

Testemunhas descreveram cenas caóticas. "Na entrada da cidade já havia sinais muito claros de que algo muito horrível aconteceu. Conforme a gente foi entrando, foi ficando mais caótico. Cenário de guerra mesmo. Carro capotado, árvore no meio da rua", relatou uma moradora à TV Globo.

Histórias de sobrevivência em meio à destruição

O professor de judô Marcelo Gomes viveu momentos de terror enquanto dava aulas para crianças em um ginásio. "O pai de um aluno foi fechar a porta e já veio correndo. Percebi que uma porta de segurança começou a balançar demais, reuni as crianças e levei para um espaço mais seguro", contou.

O vigilante Adilson Camilo descreveu os segundos que mudaram sua vida: "O tornado durou 30, 40 segundos, e detonou tudo. Eu tenho dois carros, um deles voou dez metros. Parecia assim como se soltassem uma bomba atômica".

Explicação meteorológica para o fenômeno extremo

Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), o tornado se formou devido a um ciclone extratropical que atinge o Sul do país. O meteorologista Samuel Braun explicou que a cidade foi atingida por uma tempestade do tipo supercélula, caracterizada pela presença de um mesociclone.

"O ambiente atmosférico estava muito úmido, aquecido. Há também outros fatores, por exemplo, como a diferença dos ventos entre a superfície e os níveis mais elevados da atmosfera. Nós chamamos na meteorologia de cisalhamento. Então, esse cisalhamento estava extremamente elevado", detalhou Braun.

Impactos em outros estados brasileiros

Enquanto o tornado se afastava do Paraná em direção ao alto-mar no início da noite de sábado (8), o ciclone continuou causando impactos em outras regiões:

  • Rio Grande do Sul e Santa Catarina: registraram chuvas fortes e estragos
  • São Paulo e Rio de Janeiro: ventos fortes causaram queda de árvores
  • Bahia, Goiás, Minas Gerais e Brasília: previsão de temporais

O meteorologista Lizandro Jacobsen, também do Simepar, alertou que cidades litorâneas ainda enfrentam risco de ressaca mesmo com a melhora do tempo no território paranaense.

Evento mais forte em 23 anos de carreira

Samuel Braun, com mais de duas décadas de experiência em meteorologia, afirmou que este foi o evento mais forte que presenciou em sua carreira. "Foi bastante devastador. Até mesmo por categorias. Não me recordo de chegarmos ao EF3", destacou o especialista.

A classificação EF3 na escala Fujita Melhorada, que vai até EF5, indica ventos entre 218 e 266 km/h e destrói casas bem construídas, arranca árvores e levanta veículos pesados - precisamente o que ocorreu em Rio Bonito do Iguaçu.