Tragédia no Paraná: tornado deixa cenário de guerra em Rio Bonito do Iguaçu
A cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, acordou completamente devastada neste sábado (8) após ser atingida por um tornado de intensidade EF3 na tarde de sexta-feira (7). Segundo a Defesa Civil, aproximadamente 90% do município ficou destruído, com seis vítimas fatais confirmadas e mais de 600 pessoas feridas.
Impacto devastador e números da tragédia
Os ventos que atingiram a incrível velocidade de 250 km/h transformaram a pacata cidade paranaense em um cenário de destruição total. Além das seis mortes registradas em Rio Bonito do Iguaçu, uma sétima vítima fatal foi confirmada em Guarapuava, na região central do estado.
Mais de mil pessoas estão desabrigadas após a passagem do fenômeno meteorológico. Bombeiros e agentes da Defesa Civil continuam trabalhando incessantemente na busca por sobreviventes sob os escombros. Os hospitais da região estão sobrecarregados com o atendimento aos feridos, e a Secretaria da Saúde já disponibilizou leitos em outras localidades para caso a demanda aumente nas próximas horas.
Mobilização emergencial e estado de calamidade
Diante da dimensão da tragédia, o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) decretou estado de calamidade pública em Rio Bonito do Iguaçu na manhã deste sábado. O Governo do Paraná mobilizou bombeiros de várias cidades para auxiliar nos trabalhos de resgate, incluindo o Grupo de Operações de Socorro Tático (GOST), tropa de elite da corporação que se deslocou com cães de busca.
As equipes de salvamento estão atuando não apenas na cidade mais afetada, mas também em municípios vizinhos como Laranjeiras do Sul, Cantagalo, Porto Barreiro e Candói. Ambulâncias de Cascavel e Guarapuava foram deslocadas para reforçar o atendimento médico na região.
Doações são fundamentais para ajudar desabrigados
O Programa de Voluntariado Paranaense (Provopar) está recebendo doações para auxiliar as vítimas do tornado. Neste sábado, foi realizado um plantão até às 16h na sede da instituição, localizada na Rua Hermes Fontes, 315, no bairro Batel, em Curitiba.
As doações de alimentos não perecíveis, roupas e materiais de limpeza continuarão sendo aceitas de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h. A solidariedade da população é fundamental para ajudar as famílias que perderam tudo em questão de minutos.
Fenômeno meteorológico raro e extremo
Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), o tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu se formou devido a um ciclone extratropical que atinge o sul do país. O fenômeno foi classificado como EF3 na Escala Fujita Aprimorada, que mede a intensidade dos tornados.
O meteorologista Samuel Braun explicou que a cidade foi atingida por uma tempestade do tipo supercélula, caracterizada pela presença de um mesociclone - uma corrente de ar ascendente girando no interior da nuvem. "O ambiente atmosférico estava muito úmido e aquecido, com cisalhamento dos ventos extremamente elevado", detalhou o especialista.
Braun, que tem 23 anos de experiência como meteorologista, afirmou que este foi o evento mais forte que ele presenciou em toda sua carreira. "Não me recordo de chegarmos ao EF3", completou.
Relatos de sobreviventes descrevem cenas de terror
Moradores da cidade relataram à TV Globo o momento de pânico durante a passagem do tornado. "Na entrada da cidade já havia sinais muito claros de que algo muito horrível aconteceu. Conforme a gente foi entrando, foi ficando mais caótico. Cenário de guerra mesmo. Carro capotado, árvore no meio da rua", descreveu uma testemunha.
O professor de judô Marcelo Gomes contou que dava aulas para crianças em um ginásio quando percebeu a aproximação do fenômeno. "O pai de um aluno foi fechar a porta e já veio correndo. Reuni as crianças e levei para um espaço mais seguro. Quando fechei a porta, veio aquele bafo de poeira, terra, lama. Quando abri a porta, o centro cultural todo tinha vindo abaixo", relatou emocionado.
O tornado em Rio Bonito do Iguaçu faz parte de um sistema meteorológico que também provocou chuvas fortes e estragos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. No Sudeste, os estados de São Paulo e Rio de Janeiro permanecem em alerta.