Tornado de 330 km/h devasta cidade no Paraná: 6 mortos e 90% dos imóveis destruídos
Tornado de 330 km/h no Paraná deixa 6 mortos e cidade destruída

Um vídeo impressionante registrado pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) capturou o momento exato em que um tornado de proporções catastróficas atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no centro do Paraná. As imagens, gravadas na sexta-feira (7), mostram a chegada da tempestade que causou destruição generalizada e resultou em seis mortes.

O registro histórico do fenômeno

As câmeras do campus de Laranjeiras do Sul da UFFS, localizadas na zona rural a aproximadamente 5 km de Rio Bonito do Iguaçu, registraram em time-lapse a formação e o avanço da supercélula que carregava o tornado em seu interior. A gravação, que começa às 18h e vai até às 18h16, mostra a impressionante força do fenômeno meteorológico caracterizado pela presença de um mesociclone - uma corrente de ar ascendente girando no interior da nuvem.

O material foi analisado pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) e divulgado nesta segunda-feira (10), revelando a magnitude do desastre. Segundo o Simepar, os ventos em Rio Bonito do Iguaçu alcançaram a incrível velocidade de 330 km/h, um dos mais altos já registrados no país.

Três tornados em um mesmo dia

O fenômeno não foi isolado. Na mesma sexta-feira (7), outros dois tornados foram registrados no Paraná: um em Guarapuava, a 130 km de distância, e outro em Turvo, a 166 km. A sequência de eventos climáticos extremos deixou um rastro de destruição que afetou centenas de famílias.

O balanço oficial divulgado pelas autoridades mostra a dimensão da tragédia: seis pessoas morreram durante as tempestades, 750 ficaram feridas e 22 delas permaneciam internadas até o início da manhã desta segunda-feira (10).

Cenário de guerra e reconstrução

Rio Bonito do Iguaçu, cidade com cerca de 14 mil habitantes, foi a mais afetada proporcionalmente. O município teve 90% dos imóveis destruídos, um cenário que o subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Jonas Emmanuel Benghi Pinto, descreveu como "de guerra".

O prefeito Sezar Augusto Bovino afirmou que a cidade terá que ser reconstruída praticamente do zero. Para isso, o governo estaduo vai destinar R$ 50 milhões do Fundo Estadual de Calamidade Pública (Fecap). O valor poderá ser repassado diretamente às famílias, com previsão de até R$ 50 mil por residência, conforme projeto de lei aprovado em regime de urgência na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).

O Corpo de Bombeiros informou que não há mais buscas, resgates ou atendimentos pré-hospitalares em andamento. O trabalho agora se concentra no cadastramento e atendimento das famílias, distribuição de donativos e limpeza das áreas afetadas - um esforço coletivo que envolve moradores, voluntários e servidores do Estado e prefeitura.

Entre as medidas emergenciais já implementadas está a autorização para reconstrução das escolas destruídas e o adiamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na cidade. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) também informou que moradores de Rio Bonito do Iguaçu que recebem benefícios assistenciais poderão solicitar a antecipação da renda mensal.

As histórias pessoais revelam o drama humano por trás dos números. Antonio Gieteski, filho de uma das vítimas fatais, José Gieteski, contou que o pai estava dentro de uma casa que foi arremessada cerca de 30 metros pela força do vento. "Em questão de um minuto, um minuto e 20 segundos, foi como se caísse uma bomba na casa deles", descreveu emocionado.