
O silêncio habitual da tarde de terça-feira em Caxias do Sul foi quebrado pelo rugido anormal de um avião em apuros. A bordo da aeronave da Azul Conecta, que fazia a ponte aérea crucial entre São Paulo e a serra gaúcha, uma luz de alerta insistente mudou tudo. O problema? Uma indicação de que o trem de pouso não estava travado da maneira correta. O coração de mais de uma dúzia de passageiros deve ter dado um salto.
E então, a decisão crucial: arremeter. O piloto, com uma calma que só anos de experiência proporcionam, abortou a aterrissagem já em andamento. A aeronave, um Airbus A320, ganhou altitude novamente, sobrevoando uma cidade que esperava recebê-la. A tensão a bordo era palpável, um misto de confiança na tripulação e um frio na espinha inevitável.
O desvio para a capital foi o protocolo de segurança imediato. Porto Alegre, com a infraestrutura do maior aeroporto do estado, era o porto seguro óbvio. Enquanto o avião seguia para o sul, a torre de controle em Salgado Filho já acionava todos os procedimentos de emergência. Bombeiros, ambulâncias, equipes de resgate – o teatro estava armado para o pior, esperando nunca ter que entrar em cena.
Mas a sorte – e a perícia – estavam do lado de todos. A aterrissagem no aeroporto de Porto Alegre foi, para alívio geral, absolutamente normal. Sem fumaça, sem fogo, sem drama além do que já havia acontecido. O trem de pouso funcionou. Aparentemente, foi apenas um sensor maluco, um desses sustos tecnológicos que nos lembraram como voar ainda é, de certa forma, um pequeno milagre.
Os passageiros, é claro, desembarcaram com histórias para contar. Alguns aliviados, outros ainda tremendo, todos gratos por colocar os pés no chão. A Azul, como é de praxe, já emitiu um comunicado padrão – aquela linguagem corporativa que tenta transformar pânico em ‘incidente operacional’. Mas para quem estava lá, foi bem mais do que isso. Foi um daqueles dias que você não esquece.
E Caxias do Sul? Ficou ali, com seu aeroporto de pista única, assistindo a um de seus voos mais importantes do dia fazer uma curva e ir embora. Uma lembrança incômoda de que, às vezes, o destino precisa de um plano B.