
Não era um dia como qualquer outro no abrigo. O céu estava pesado, e o ar carregado — como se o tempo soubesse o que estava prestes a acontecer. De repente, um estrondo. O teto, que deveria ser um refúgio, cedeu. E lá estava ela, uma funcionária dedicada, agora sob escombros.
Segundo testemunhas, o barulho foi tão intenso que assustou até as crianças do bairro vizinho. "Parecia um trovão dentro de casa", contou uma moradora, ainda tremendo. A vítima, que prefere não se identificar, foi socorrida com ferimentos moderados — sorte, considerando que poderia ter sido pior.
O que falhou?
O abrigo, que acolhia menores em situação de vulnerabilidade, já apresentava sinais de desgaste. Infiltrações? Sim. Rachaduras? Também. Mas ninguém imaginava que o pior aconteceria justo ali, onde crianças dormiam todas as noites. "A gente sempre reclama, mas parece que ninguém escuta", desabafou outro funcionário, esfregando as mãos nervosamente.
Eis o paradoxo: lugares que deveriam proteger tornam-se armadilhas. A estrutura, construída na década de 90, nunca passou por reformas profundas. "É como trocar o pneu com o carro andando", comparou um especialista em infraestrutura, pedindo anonimato.
E agora?
- As crianças foram transferidas para unidades temporárias
- O caso está sob investigação da Defesa Civil
- Moradores exigem vistorias em outros abrigos
Enquanto isso, a funcionária se recupera em casa. "Ela tem medo de voltar", revelou uma amiga. Quem pode culpá-la? O trauma físico vai sarar, mas a desconfiança nas instituições — essa demora mais.
PS: O abrigo fica no Norte-Noroeste do ES, região que já enfrentou problemas similares em 2019. Coincidência? A gente duvida.