Ataque inesperado durante caminhada dominical
Um consultor de energia renovável de 58 anos, Waldinei Amaral, tornou-se a mais recente vítima de ataques de gavião que vêm ocorrendo em Santos, no litoral de São Paulo. O incidente aconteceu no último domingo (9), por volta das 9h da manhã, quando o homem se dirigia à igreja.
Local do ataque já era conhecido por ninho
O ataque ocorreu especificamente entre as avenidas Dr. Pedro Lessa e Almirante Cochrane, no Canal 5, no bairro Aparecida. Segundo relato da vítima, o local já era conhecido por abrigar um ninho da ave, que costumava sobrevoar a área de forma rasante, comportamento típico de proteção territorial.
Waldinei revelou que já havia escapado de outros ataques no Canal 3, mas desta vez foi pego de surpresa. "Foi de surpresa. Estava atravessando a avenida, até ouvi uma buzina, acho que alguém viu ele chegando e quis me avisar. Eu só senti a pancada e ele levantando voo", contou o consultor.
Ferimentos e medidas de proteção incomuns
Após o ataque, o homem seguiu para a igreja e só depois começou a sentir os efeitos. "No momento não senti dor, só senti uma hora depois, começou a arder. Lavei com água e sabão, passei soro e ficou só a cicatriz mesmo", afirmou.
A situação levou Waldinei a fazer uma brincadeira que revela a seriedade do problema: ele afirmou que precisará usar capacete como Equipamento de Proteção Individual (EPI) nas ruas, equipamento que normalmente utiliza apenas em obras. "Meus amigos estavam brincando [com isso]. O negócio está sério. Um amigo meu falou: 'ainda bem que você tem cabelo, se fosse no meu, teria rasgado minha cabeça', ele é careca", relatou.
Tentativa frustrada de acionar autoridades
O consultor tentou acionar a Guarda Civil Municipal (GCM) através do telefone 153, mas não conseguiu completar a ligação. Ele demonstrou preocupação com a falta de ações efetivas para resolver o problema. "Até agora não vi nenhum plano de ação quanto a isso, só vejo relato de aconteceu ali, aconteceu aqui. Já ouvi falar que estão monitorando, mas que monitoramento é esse? Não dá para entender, acho que já fugiu do controle, está muito complicado isso", desabafou.
Posicionamento da prefeitura e orientações
Em nota, a Prefeitura de Santos informou que não houve problemas técnicos na linha 153 da GCM e do Grupamento Ambiental. O órgão afirmou que segue monitorando locais apontados pela população para verificar se a agressividade dos gaviões está ligada à presença de ninhos e filhotes.
Quando há registro de ocorrência, o Grupamento e a Polícia Ambiental avaliam o animal e o ambiente e, se necessário, encaminham ao Cetras do Orquidário Municipal.
Entre as orientações da prefeitura estão:
- Evitar a aproximação com as aves
- Não deixar restos de alimentos nas proximidades dos locais de incidência
- Procurar atendimento em unidade de saúde em caso de ataques
Não é um caso isolado
Recentemente, um estudante de 17 anos, Rafael Fernandes Martinez, também foi atacado por um gavião enquanto seguia para a escola em Santos. O caso aconteceu na manhã de 20 de outubro, na Avenida Washington Luiz, no bairro Boqueirão. "Tomei um susto porque na hora pensei que alguém tinha acertado um objeto em mim", disse o adolescente na ocasião.
Os repetidos incidentes têm levantado preocupação entre moradores e autoridades sobre a convivência entre humanos e fauna urbana na cidade, especialmente durante períodos de reprodução dessas aves, quando se tornam naturalmente mais protetivas e agressivas.