
Não é exagero dizer que o cenário em Feira de Santana e arredores está preocupante. Só neste ano, os números de acidentes de trabalho na região já bateram recordes — e não do tipo que se comemora. Parece que todo dia tem um novo caso: quedas, cortes, queimaduras, e até situações mais graves, como fraturas e amputações. Algo está muito errado.
O que os dados revelam?
Segundo levantamentos recentes, a maioria dos acidentes ocorre em setores como construção civil, indústria e comércio. Máquinas sem manutenção adequada, falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) e treinamentos superficiais — ou inexistentes — são os vilões recorrentes. Mas, cá entre nós, será que é só isso?
Especialistas apontam que a pressão por produtividade e a cultura do "se vira" contribuem para o problema. "Muitos trabalhadores sequer sabem que têm direito a condições seguras", comenta um técnico em segurança do trabalho, que prefere não se identificar. "E quando reclamam, são taxados de 'frescos'."
Casos que chocam
- Um operário de 32 anos sofreu queda de 4 metros porque o cinto de segurança estava "guardado no depósito".
- Jovem aprendiz perdeu parte de um dedo em máquina sem proteção — a empresa alegou "falha humana".
- Mulher passou mal após inalar produtos químicos sem ventilação adequada; patrão disse que "sempre foi assim".
E o pior? Muitos casos nem chegam às estatísticas oficiais. Medo de demissão, desconhecimento dos direitos ou até mesmo aquele pensamento de "isso nunca vai acontecer comigo" fazem com que situações fiquem subnotificadas.
O que pode ser feito?
Além da óbvia (e frequentemente ignorada) fiscalização, sindicatos defendem:
- Capacitação obrigatória e frequente para empregados e empregadores
- Investimento real em equipamentos de qualidade — não aqueles "só para inglês ver"
- Canais de denúncia anônimos e eficientes
Enquanto isso, trabalhadores seguem arriscando a saúde — e muitas vezes a vida — para colocar comida na mesa. Será que um dia a segurança vai deixar de ser tratada como custo e passar a ser vista como direito básico? A pergunta fica no ar, assim como a poeira das obras sem proteção.