
Eis que a ciência nos traz mais um daqueles alertas que merecem nossa total atenção. Um trabalho de investigação da UNIFESP, campus Baixada Santista, escancara uma realidade preocupante: bactérias que riem na cara de antibióticos foram encontradas em frangos de corte na nossa região.
Não é exagero. Esses microrganismos, do grupo Enterobacteriaceae, desenvolveram mecanismos de defesa tão eficazes que os remédios tradicionais simplesmente não dão conta. A pesquisa, publicada num periódico científico internacional, analisou amostras de dez granjas – e os resultados são, no mínimo, alarmantes.
O Que Exatamente Foram Encontrar?
Das 68 amostras coletadas, 50 deram positivo para bactérias produtoras de ESBL – uma enzima esperta que destrói antibióticos comuns como penicilinas e cefalosporinas. É como se elas tivessem um escudo invisível. Pior: algumas carregavam genes de resistência a colistina, aquele antibiótico de último recurso que usamos quando tudo mais falha.
"Mas como isso foi parar aí?", você deve estar se perguntando. A resposta, meus amigos, é tão complexa quanto assustadora. O uso constante – e, muitas vezes, indiscriminado – de antibióticos na criação animal é um prato cheio para a seleção dessas superbugs. É Darwin em ação, no pior sentido possível.
E Agora, José?
O perigo real? Essas bactérias podem fazer uma viagem tranquila dos animais para os humanos através da cadeia alimentar. Um frango mal passado, uma faca contaminada, uma tábua de corte não higienizada direito... e pronto: lá se vai mais um paciente para a lista de infecções difíceis de tratar.
Os pesquisadores batem na tecla de que precisamos urgentemente repensar as práticas agropecuárias. Monitoramento rigoroso, uso mais consciente de antimicrobianos e, claro, investimento pesado em vigilância sanitária. Porque não adianta termos hospitais de ponta se a ameaça entra pela nossa cozinha.
O estudo tem autoria principal da biomédica Cristina Matushima, com orientação da professora Gabriela Bergamasco. E olha, o trabalho delas deveria ser leitura obrigatória para quem mexe com produção animal e saúde pública.
No fim das contas, a mensagem é clara: a resistência bacteriana não é mais uma ameaça futurista – ela já está aqui, no nosso prato, desafiando nossa capacidade de manter as pessoas saudáveis. E ignorar esse alerta seria, no mínimo, uma temeridade.