Roberto Duailibi, lendário fundador da DPZ, deixa legado criativo aos 89 anos
Morre Roberto Duailibi, fundador da DPZ

Era uma tarde cinzenta em São Paulo quando a notícia chegou — um daqueles dias em que até os outdoors parecem menos coloridos. Roberto Duailibi, o mago das palavras que ajudou a construir a DPZ, partiu aos 89 anos. Não foi um adeus qualquer. Foi como se uma página dourada da publicidade brasileira fosse arrancada de repente.

Quem nunca se emocionou com algum slogan que ele ajudou a criar? Duailibi tinha esse dom raro: transformar conceitos abstratos em frases que grudavam na memória como chiclete. Junto com seu parceiro de criação, Francisco de Paula, ele fundou a agência em 1986 — e que agência! Virou sinônimo de ousadia criativa.

O homem por trás das ideias

Nascido em 1934, Duailibi era daqueles sujeitos que envelheciam sem ficar velhos. Até semana passada, dizem, ainda dava palpites nos projetos. Tinha um olhar afiado para detalhes — capaz de passar horas discutindo a curvatura de uma letra num logotipo.

"Criatividade não é dom, é disciplina", repetia sempre. E como ele provou isso! Transformou a DPZ numa das agências mais premiadas do país, colecionando Leões em Cannes como quem junta figurinhas.

O legado que fica

Algumas marcas carregam seu DNA até hoje. Campanhas que viraram parte do imaginário popular, jingles que todo mundo cantarola sem saber de onde vêm. Ele entendia como ninguém a alma brasileira — essa coisa complexa, cheia de contradições e calor humano.

Numa época em que a publicidade virou algoritmo, Duailibi mantinha a fé na intuição. "Dados são importantes, mas não contam histórias", dizia, com aquela voz rouca de quem fumou ideias por décadas.

O velório acontecerá no Cemitério do Morumbi, mas o que ele realmente deixou está espalhado por aí — nas ruas, nas telas, no jeito como as marcas falam com a gente. Uma perda irreparável? Sem dúvida. Mas também uma celebração de tudo que a criatividade humana pode construir.